Ah! Que saudade que eu tenho

Ah! Que saudade que eu tenho

 

Ah! Que saudade que eu tenho

Da terra  onde morei

– Se eu pudesse voltaria lá –

Saudade do que no passado está

 

Saudades dos raios de sol nos galhos

Da terra vermelha no chão

Da brisa balançando as folhas

Do cheiro da plantação

 

Do canto do galo que acorda

Do leite espumoso tirado na hora

Da escola que tão pouco freqüentei

Das modinhas diferentes de agora

 

Do trole, do trem lá ao longe

Do verde do canavial

Do caule frondoso da mangueira

Das leiras do mandiocal

 

Da polenta, da puína, da garapa

Da lingüiça , morcela, do  pão,

Do café com leite e queijo

Derretido na lenha do fogão

 

Dos cantos de roda, dos licores

Do truco, da quermesse, do bordado

Da missa, do terço, da procissão

Do chapéu intrometido do namorado

 

Da sanfona que gemia ao longe

Dos namoricos no caminho da capela

Dos pés descalços, das tranças, das fitas

Ah! Que saudades da minha janela!

 

Ah! Que saudade que eu tenho

Da terra  onde morei

– Se eu pudesse voltaria lá –

Saudade do que no passado está

A árvore da vida

A árvore da vida

 

A árvore,

É como a gente

Que, de repente

Cresce e amadurece

Sem a gente sentir

Tudo parece se unir

O tronco é o coração

Que nos dá inspiração

Os galhos são a inteligência

Nos dá competência

As folhas, os ramos

São o que pensamos

O que vamos fazer

E que futuro vamos ter

As flores são a primavera

Que dá cor a vida

Que faz rejuvenescer

Os frutos, nós os colhemos:

Amor, amizade

E a solidariedade

Que aos outros devemos oferecer

A raiz é a força

A vontade de viver

Que nos faz amar a terra

Independente da era

Sem pensar em morrer

 

Assim a nossa vida

De manhã ao anoitecer

Será estrada florida

Da infância ao envelhecer